Do Sesc-Bertioga ao Sesc-Santos: Devir Educom conecta juventudes com telejornal sobre crise climática

O protagonismo juvenil ganhou potência no Sesc-Santos no encontro entre os adolescentes do projeto A Floresta é Nossa, do Sesc-Bertioga, em parceria com o projeto ECOSER, do Devir, e os garotos do projeto Memórias em Rede

Conexão, novas possibilidades e boas práticas entre jovens em defesa de um planeta mais saudável e sustentável. Esse foi o saldo — mais que positivo — do I Encontro de Educomunicação SocioAmbiental com as Juventudes de Santos e Bertioga, realizado sábado, 6 de dezembro, no Sesc-Santos, reunindo dois projetos do Instituto Devir Educom. O destaque do encontro foi a exibição do telejornal Vozes da Mata, desenvolvido pelos adolescentes do projeto A Floresta é Nossa, do Sesc-Bertioga, em parceria com o projeto ECOSER, do Devir. O programa apresenta uma reflexão urgente sobre consumo, desinformação, meio ambiente e crise climática.

Equipe Devir Educom ao lado dos parceiros do Sesc-Bertioga e Sesc-Santos juntos pelo protagonismo juvenil

A exibição aconteceu no auditório do Sesc-Santos para os veteranos do Memórias em Rede, projeto de referência do Instituto. Eles estavam ansiosos para conhecer o grupo de Bertioga e assistir ao produto educomunicativo produzido no primeiro semestre. A integração fluiu naturalmente: risadas, conversas e troca de experiências surgiram rapidamente, mostrando o quanto os jovens têm em comum.

De um lado, os adolescentes de Bertioga relataram os desafios de apuração, produção, gravação e entrevistas em sua região. Do outro, os integrantes do Memórias em Rede falaram sobre o funcionamento do Clube Jovem de Educomunicadores, suas conquistas e como a Educomunicação ampliou suas perspectivas.

Mais uma vez, a iniciativa promovida pelo Devir Educom evidenciou o potencial de jovens de territórios em maior vulnerabilidade social. Rogério Xing, educador ambiental do projeto A Floresta é Nossa, destacou a importância da vivência:

“Para nós já superou as expectativas. Muitos deles nunca nem saíram de Bertioga e, além de estarem num espaço novo e diferente, tiveram a oportunidade de conhecer outras pessoas que passaram por experiências parecidas com a Educomunicação. Foi muito produtivo”.

Do vídeo à prática: o auditório virou redação

No terceiro momento do encontro, o auditório se transformou em uma grande redação jornalística. Os jovens foram divididos em duas equipes, munidos de celulares, para produzir entrevistas, captar imagens e realizar pesquisas com frequentadores e funcionários do Sesc-Santos. A pauta foi o consumo desenfreado e suas consequências nos meio ambiente.

Karol Fernandes, de 16 anos, e Julia Lima, de 14, descobrem afinidades no encontro educomunicativo

A experiência teve impacto direto na percepção dos adolescentes. “Quando comecei a participar do projeto, a minha consciência ambiental e de gastos mudou muito. Eu era muito consumista. Por exemplo, se eu achasse um short bonito e tivesse três opções de cor, eu iria querer seis shorts, dois de cada cor. Mas, antes de começar a gravar o telejornal, nós tivemos muitas aulas teóricas, nós estudamos, e isso foi mudando minha forma de enxergar o mundo”, disse Julia Lima, 14 anos, integrante do ECOSER / A Floresta é Nossa. 

O sentimento de pertencimento também marcou o grupo de Bertioga. “Estar no Sesc-Santos neste sábado é o reconhecimento do nosso trabalho e uma oportunidade de mostrar para o pessoal do Memórias em Rede como fizemos o programa, um pouco da nossa história e qual foi o nosso intuito principal”, comentou João Pedro Cerqueira, 16.

A tarde educomunicativa transbordou do auditório para as áreas comuns do Sesc-Santos, levando os jovens para pesquisa de campo e entrevistas com os frequentadores sobre excesso de consumo

Bastidores do ECOSER e a construção do telejornal

O projeto ECOSER promove formação em jornalismo cidadão, educação midiática, direitos humanos e memória social pela perspectiva da Educomunicação Socioambiental. Os jovens participaram de diversas atividades de educação ambiental na Reserva Natural do Sesc-Bertioga, com as equipes Sesc e Devir, e experimentaram a linguagem jornalística ao brincarem de ser repórteres. 

Em 13 encontros, o grupo produziu o telejornal Vozes da Mata, com reportagens que abordam consumo excessivo, impactos ambientais, desinformação sobre meio ambiente e cultura local, incluindo agricultura familiar da Vila da Mata, pesca artesanal e o patrimônio histórico de Bertioga. O programa também conta com quadros como Previsão do Tempo, Astros Midiáticos, Cozinhando Fatos e Você Tem Fome de Quê?.

Para os jovens de Santos, o encontro trouxe novas perspectivas. Daniel Luiz da Silva, 16, veterano do Memórias em Rede, relatou o quanto foi interessante. "Pudemos conhecer o outro lado do Devir, com o projeto ECOSER, pois vivemos muito a questão da educação midiática, e neste encontro abrimos a mente e fomos para um lado que não estamos acostumados: a perspectiva do meio ambiente. Foi uma troca de conhecimentos muito boa”. Karol Fernandes Lira, também de 16, destacou: “Há muitas pessoas que se parecem nos dois grupos. Sempre haverá gente parecida conosco. Todo mundo é igual no final das contas”.

O antropólogo e educomunicador Carlos Alexandre Guimarães, do Devir Educom, acompanhou o encontro e reforçou o impacto da experiência. “Foi maravilhoso porque todos nós queríamos isso. Os dois grupos já haviam manifestado interesse em se conhecer, e foi realmente uma conexão, com novas possibilidades do que podem fazer juntos em Educomunicação, com trocas de ideias entre uma cidade e outra”.

Ao fim da vivência, houve uma reunião de pauta para sistematizar as entrevistas, pesquisas e dados coletados. O grupo iniciou a construção coletiva da próxima matéria jornalística, que será produzida conjuntamente pelos adolescentes de Santos e Bertioga. Uma nuvem de hashtags exibida no telão encerrou o encontro.

Ao final do encontro, criaram a tradicional nuvem de hashtags sobre o tema trabalhado com as ferramentas do jornalismo

O Instituto Devir Educom - Atua na formação de crianças, adolescentes, educadores e comunidades por meio da Educomunicação, integrando comunicação, educação, direitos humanos e tecnologia. Os projetos promovem o protagonismo juvenil, o pensamento crítico, a leitura ética das mídias e a produção colaborativa de conteúdo, sempre valorizando a memória, a cultura e a participação social.

Por meio de metodologias ativas e processos criativos — como oficinas, vivências, mediação cultural, produção de mídias, rodas de conversa e tecnologia social da memória —, o Devir cria ambientes em que os jovens se reconhecem como sujeitos transformadores, capazes de comunicar, pesquisar, propor e agir em defesa de um presente e um futuro mais justos.